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MAIS QUE UM CLÁSSICO

22/07/2020 | Por Daniel Grandesso

Foto por - (Reginaldo de Castro/Lancepress!)

Foi com muita honra que recebi e aceitei o convite dessa lenda, ícone das mídias sociais palestrinas, o mito Gé Guarino, para participar do site Amici 1914. De quebra já recebi uma missão mais que especial, falar sobre um Palmeiras X SCCP que se aproxima de um jeito que a gente nunca viu.

Palmeiras contra os marsupiais sempre será mais do que apenas um clássico. O tal do Derby nunca foi brincadeira. E pra provar isso, trago fatos, reeditando e atualizando um post lá do Maluco pelo Palmeiras que já tem quase 10 anos desde a sua primeira publicação, mas que nunca fica antigo.

Afinal...

Palmeiras x SCCP vale TUDO. Senão vejamos:

1917 - O PRIMEIRO JOGO

Foi em 06 de maio de 1917. Os rivais estavam invictos há 25 jogos e três anos, mas toda boa freguesia começa com um cartão de visitas: 3x0, no Palestra e pro Palestra, 3 gols de Caetano. Logo de cara, já se criou um dos mitos desse clássico: o Palmeiras ter um jogador marcando 03 vezes contra o SCCP em um único jogo. Feito este repetido por jogadores como Imparato, Magrão, Cristiano e Obina, e superado apenas por Romeu Pelicciari (feito que logo adiante vamos registrar).

1920 - O PRIMEIRO PAULISTÃO

Em sua coluna do 3vv, o Jota Christianini, um acervo histórico ambulante do Palmeiras, conta que desde a fundação do Palmeiras em 1914, a obsessão do clube era a conquista de um título paulista, feito que por pouco não ocorreu nos idos de 1917 e 1919.

Foi em 1920 que teve início a freguesia, justamente na conquista do primeiro Paulistão pelo Verdão. O Palestra e o Small Club terminaram empatados com 26 pontos o campeonato. Embora o Verdão tivesse apresentado a melhor campanha, o regulamento determinava um jogo extra para determinar o campeão.

Diz o Jota que os relatos da época dão conta de que a cidade parou em razão da decisão, o que não duvidamos. Não se falava me outra coisa, a Federação da época subiu o preço dos ingressos – há 100 anos essa mentalidade tacanha de usurpar o torcedor nos maiores momentos do futebol já existia, quem diria... E no fim das contas, prevaleceu a lógica: 2x1 Palestra, e o nosso primeiro título paulista faturado justo em cima deles.

 

1933 - A MAIOR SACOLADA

Em agosto daquele ano, o Palestra já tinha ido na Marginal S/N e sapecado 05 no “dono da casa”. Agora, era a vez dos marsupiais virem até o Palestra. O jogo foi no dia 05 de novembro de 1933.  Um domingo qualquer - mas como nenhum outro - como conta o Jota. Logo de cara, Romeu Pelicciari guardou três, isso ainda no primeiro tempo. Começa o segundo tempo e com menos de um minuto, Gabardo faz o quarto. Aos 7, Romeu faz o seu quarto gol no jogo, feito até hoje jamais repetido. Basta? Não, senhor, mais 03 gols de Imparato – o Trem Blindado - pra fechar o caixão. 8x0! OITO! OTTO, Amici¹

Dizem que a torcida dos marsupiais invadiu a sede do clube e teve quebradeira e até incêndio. O presidente e o diretor de futebol do SCCP "caíram" depois da partida. Ah, que pena...

 

1974 - SAIR DA FILA, AQUI NÃO!

Os rivais já estavam 20 anos sem título. O último foi ganho justamente contra o Palmeiras, em 54, num jogo que acabou 1x1. Eis que mais uma vez os dois clubes iam decidir o Campeonato Paulista. 22 de dezembro de 1974, a confiança do lado de lá era imensa, tanto que a absoluta maioria dos mais de 120 mil pagantes, maior público do clássico, era deles.

Mas, em cima da gente, rival não sai da fila. 24 minutos do segundo tempo, bola passada por Leivinha para o gol de Ronaldo, calando a maior parte do Morumbi. 1x0, pro Verdão e os palmeirenses do Estádio gritavam: Zum Zum Zum, é 21!

Dizem que um certo empresário de calçados da Zona Leste tinha mandado fazer 100 mil camisetas em alusão ao suposto título paulista. Imagina que fogueira bonita que devem ter virado...

Veja fotos das cinco finais estaduais entre Palmeiras e ...

1993 - SAIR DA FILA, AQUI SIM!

Essa eu posso contar sem recorrer aos historiadores! Sábado nublado, 12 de junho de 1993, dia dos namorados – prestes a mudar de nome para o Dia da Paixão Alviverde - , finalíssima do Paulistão. Já se iam quase 17 anos desde que o Palmeiras tinha sido campeão a última vez, em 76.

O time com Sérgio, Claudio, Antonio Carlos, Tonhão e Roberto Carlos, Daniel Frasson, Mazinho, Zinho e Edilson, Edmundo e Evair havia sido derrotado uma semana antes por 1x0, o famigerado jogo do "gol porco".

O palmeirense tava com sangue nos olhos. Jogo do mais tenso até que, aos 41 do primeiro tempo, a bola vinha sendo conduzida pelo Edmundo, falta nele do Henrique, o juiz deu vantagem, a bola sobrou pra Evair que achou Zinho na entrada da área, chute cruzado e colocado, mas sem muita força, e abola foi devagarinho, quase como se os segundos durassem horas, rolando bem pro canto direito do gol de Ronaldo, quase rente à trave... GOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLL!

Bom, o resto vocês já sabem (e eu não consigo não ir às lágrimas quando revejo esse vídeo e o Silvério dizendo - E agora eu vou soltar a minha voz!):

Vai parar a cidade! O que faz a final de 2018 ser um Dérbi ainda ...

 

1994 - BICAMPEÃO PAULISTA - DE NOVO EM CIMA DELES

O Palmeiras já tinha sido campeão no meio daquela semana, mas o último jogo era justo contra os marsupiais. Não era final, MAS ERA FINAL! Ganhar o título e perder pra eles não teria o mesmo sabor. Ainda bem que aqui é Palmeiras e mais uma sapecada pra cima deles:

1994 - ATÉ BRASILEIRO

A rivalidade entre Palmeiras e SCCP nunca tinha sido posta à tão árdua prova (até então), do que em 1994, quando os dois times disputaram a final do Campeonato Brasileiro. E, de novo, sobramos em campo. 3x1 no primeiro jogo, show de Rivaldo e 1x1 no segundo, garantiram o bi-brasileiro em cima deles, mais um feito que eles nunca conseguiram...

Esquadrão Imortal – Palmeiras 1993-1994 - Imortais do Futebol

Narração é do mala do Galvão. Mas o RRRRRRRRRRRRRRRRRRRIvaldoooo é da hora!

 

1996 - PAULISTÃO

O time dos 102 gols, a segunda maior máquina de fazer gols, segundo a VW, também não deixou barato pro rivalbe castanhou 3x1 neles, num jogo pra lá de inusitado:

O primeiro gol aos 40 segundos de jogo, e a comemoração mais esquisita já vista, protagonizada pelo Djalminha. 2x0 num golaço do Júnior Lateral, que também não deixou barato e foi dançar o Tchan. Djalminha e Edmundo foram expulsos, um a menos pra cada lado (isso, aliás, não teve nada de inusitado...). E o terceiro gol do Palmeiras foi num cruzamento de Cafu para Célio Silva deixar o dele, contra... (veja os gols aqui)

O Palmeiras é desde então e até hoje, o time que mais gols marcou numa edição do Campeonato Paulista.

1999 - LIBERTADORES I

São nas batalhas mais épicas que surgem os verdadeiros ídolos. Se essa frase tem alguma verdade, a prova dela se chama Marcos. Ele que, de terceiro goleiro, foi alçado à titular exatamente nas quartas-de-finais da Libertadores da América, obsessão alvi-verde que dias depois se tornaria realidade. Ele que, de um desconhecido camisa 12, tornou-se São Marcos, o goleiro dos maiores milagres nunca antes vistos, o maior goleiro do Mundo.

Primeiro jogo, 2x0 pro Palmeiras, numa das atuações mais impressionantes de um goleiro. Surge o ídolo:

Há 18 anos, Marcos e Palmeiras eliminavam o Corinthians da ...

E no segundo jogo, 2x0 pra eles, e aí, cobrança de penaltis, surge o Santo:

Libertadores, 1999 => A noite em que Marcos parou o Corinthians e ...

O Palmeiras, quatro jogos depois, conquistaria a América.

2000 - LIBERTADORES II

Novamente, o Bem e o Mal se cruzam na Libertadores. Dessa vez, semi-final. Quem ganhasse pegaria o Boca na final. E lá fomos nós... primeiro jogo, 3x1 pros caras, o Palmeiras consegue empatar e num lance dos mais cagados, eles fazem o quarto gol no fim do jogo.

Na semana seguinte, o Palmeiras tinha que ganhar por 2 gols. Vitória simples levaria aos penaltis. E o juiz, pra quem não lembra, era o Edilson, só pra piorar.

O vídeo do Gabriel Santoro no youtube descreve bem melhor do que quaisquer palavras o que foi o chamado jogo do Século:

Especial Libertadores-2000: Palmeiras 3 x 2 Corinthians (5 x 4 nos ...

Mais uma vez, o Palmeiras superava os morféticos na Libertadores.

2007 - VALDÍVIA

Poucas vezes um jogador incorporou tanto o espírito do torcedor quando se trata de um Palmeiras x Curintia. O Mago entendeu que o torcedor gosta de ver eles sendo humilhados, judiados sem dó. E assim o foi, sempre que El Mago enfrentou o SCCP:

Valdívia x Corinthians: equilíbrio e ausências marcam histórico ...

2015 - SALÃO DE FESTAS DA LESTE

Chegando pra tempos mais recentes, 2015 trouxe um tempero adicional pra história do clássico, pelo menos pro palmeirense. Semifinal do Paulistão, casa do rival e um dos jogos mais épicos e improváveis. O Palmeiras sofreu uma pressão monstruosa no primeiro tempo, desfalcado, jogando com Kelvin de lateral direito, saímos atrás no placar, achou o empate num lance do Victor Ramos, tomou gol de novo, e empatou com Rafa Marques, num cruzamento ninja do Dudu. E nos pênaltis, defesa que ninguém Prass pra cima do Elias e do Petros, fizemos a festa no Salão de Festas Municipal de Itaquera. Fiz questão de trazer o vídeo com o Gambá Neto comentando as cobranças de penais kkkk

Prass volta a brilhar em pênaltis: veja as 14 defesas dele no ...

2016 – TABELINHA PRASS e DUDU NO PORCOEMBU, MAR ABERTO E O NEW ARMERATION NO ENTULHÃO

E quem é que esquece aquele Palmeiras 1x0 SCCP no Pacaembu, dia 03 de abril de 2016?

Prass pegando o pênalti Mandrake inventado pelo juiz e, na sequência, gol de cabeça, DE CABEÇA, do Dudu, que imagem maravilhosa

Do pênalti defendido por Prass ao chapéu de Dudu: relembre vitória ...

E naquele ano ainda vimos Moisés abrir o mar lá no Entulhão, com direito a gol do Mina e dancinha na frente da torcida deles, consolidando a campanha que nos daria o nono título nacional

Profeta' do Palmeiras, Moisés explica comemoração e agora quer ...

E esses são apenas alguns dos mais marcantes de todos os jogos em que entram em campos o Palmeiras e o SCCP. Peço desculpas pela bíblia que eu acabei de escrever, mas quando se trata de contar vantagem pra cima deles, eu sou incansável, poderia ficar aqui escrevendo por horas.

Nesta quarta-feira, depois de 4 meses sem ver a bola rolando, voltamos a jogar justamente contra eles, lá no Entulhão. Pra eternizar a frase do filme Boleiros, de Ugo Georgeti – Dona, a Senhora num sabe o que é um Palmeiras e Curintia! Sem torcida (por conta da pandemia), ninguém sabe mesmo, será a primeira vez.

Dessa vez, pra nós, está em jogo a chance de assumir a liderança geral do campeonato e consolidar a melhor campanha do torneio, que hoje só perde pro Santo André nos critérios de desempate, e pra eles, qualquer resultado que não seja vitória pode significar a eliminação antecipada no campeonato Paulista, além de não afastar por inteiro o risco de rebaixamento.

A gente bem sabe que a vantagem sempre fica fora de campo quando se trata deste jogo. Quantas vezes chegamos acuados, mal colocados, caindo aos pedaços pra enfrentar o SCCP líder da porra toda e saímos vitoriosos? E a recíproca também é verdadeira, quantas vezes não perdemos a chance de pregar o último tacho no tampo do caixão deles e em algumas vezes, até vimos a Terra girar ao contrário de tanta coisa ruim que aconteceu depois?  

Por isso mesmo, contra os marsupiais, vale tudo sempre!

Que eu possa voltar aqui depois do jogo dando gargalhadas de mais uma varrida histórica pra cima dos rivais, com mais uma eliminação de quebra, chego até a perder o sono pensando nisso. Pra cima, Palmeiras!

É isso que eu tinha pra começar, Amici! Mais uma vez meu obrigado pelo convite do Amici 1914, espero corresponder à altura essa confiança.

AVANTI PALESTRA!

AUTOR

Daniel Grandesso

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