30/07/2020 | Por Daniel Grandesso
Quem olhar só pro placar pode achar que o Palmeiras teve vida fácil na partida única pelas quartas de final do Paulistão. Não teve.
Aliás, o futebol, principalmente nos campeonatos estaduais, está cada vez mais sem graça. Porque deixou de ser futebol, e virou uma espécie de jogo-treino, em que times pequenos, como nossos últimos 3 adversários, se dispõem a simplesmente não jogar, deixando que o time grande tome todas as inciativas de jogo.
E com o Santo André o script foi seguido à risca: 11 no campo de defesa, e mais o Oliveira no apito marcando falta de ataque do Palmeiras como se estivéssemos num jogo de basquete.
O Palmeiras vinha com uma proposta nunca antes vista, e isso é uma das coisas que eu admiro no Luxa: jogo único, e ele coloca Gabriel Menino e Patrik de Paula, junto do Ramires, pra fazerem o meio-campo. Bruno Henrique, Scarpa, Lucas Lima? B-A-N-C-O, com merecimento.
E os meninos não titubearam. Gabriel Menino, aliás, de tanta vontade, quase foi expulso. E no lance seguinte já tava chegando junto dos adversários de novo, o moleque é lokão…
Foi dos pés da dupla de pratas da casa que saiu a melhor jogada de ataque do Palmeiras no primeiro tempo: Patrik achou Gabriel Menino na cabeça de área, ele dominou e colocou William na cara do goleiro, mas o camisa 29 não conseguiu o drible e, no rebote do goleiro, Rony perdeu chutando de novo em cima do camisa 1 do Santo André.
Pro segundo tempo, o Luxa tirou Rony e Menino, amarelados, e voltou com Scarpa e Lucas Lima. Estava aberta a temporada de passar ódio do palmeirense.
Na mais emblemática, depois de finalmente o Diogo Barbosa – que jogou bem, de novo, quem diria… – acertar um passe pra gol, o Lucas Lima conseguiu acertar um chute daqueles que se é na peneira, o moleque volta pra casa antes do fim da seletiva.
Scarpa também muito mal, cada vez mais displicente, cada cruzamento horroroso de causar inveja ao grande Rivaldo Lateral, quem lembra?
Depois saíram o Patrik e o Ramires, e vieram pro jogo Bruno Henrique e Luan, com Felipe Melo adiantando pro meio.
E o jogo foi andando com o Palmeiras com a bola, e o Santo André se defendendo. Mas o ponto principal é que o Palmeiras sequer conseguia chutar a gol, tamanha a eficácia do adversário em apenas se defender.
Foi lá pelos 40 do segundo tempo, quando o palmeirense já roía a ponta das primeiras falanges, que Lucas Lima bateu bem o escanteio na cabeça do Felipe Melo, que ainda contou com um desvio decisivo no zagueiro do Santo André antes de parar nas redes. 1×0 sofrido, miserável mesmo.
Daí foi a vez do Santo André decidir atacar e – que ironia – foi só subirem duas vezes que no contra-ataque o Palmeiras liquidou a fatura, já aos 48, depois de excelente jogada do Luis Adriano, que dominou sozinho, olhou, pensou, limpou o zagueiro e achou o Zé Rafael na outra ponta da área, prum chute forte e, só pra variar, no meio do goleiro, mas no rebote Marcos Rocha, com calma, só escolheu o canto.
E não é particularidade do Palmeiras sofrer em jogos como o de hoje. No Jardim Leonor, vazio como de costume, mas dessa vez por causa da COVID, num jogo em que teve 23×4 finalizações pros donos da casa, o jogo acabou 2×3 e tchau São Paulinho…
Santos e Ponte eu acho que é a única incógnita e tudo pode acontecer, mas o Bragantino – melhor campanha do campeonato – também vai sofrer na mão do anti-jogo do Small Club. A conferir.
Que venham as semis e, pelo que eu vi de simulação pros jogos de amanhã, o Palmeiras só não tem chance de enfrentar o Bragantino: Santos, Ponte, Mirassol e Small Club podem vir pela frente, a depender da combinação de resultados.
Pouco importa. Quem quer ser campeão tem que passar por qualquer um. Eu não gostei do jogo, aliás, não gostei de nenhum dos 3 jogos que o Palmeiras disputou desde a volta, todos com desempenho – e até resultado – aquém do esperado, mas pelo menos com um Palmeiras que sempre busca a vitória. O dia que não for assim, eu vou sentir vergonha.
AVANTI PALESTRA!